para todas as línguas

Pesquisar este blog

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Teatro de Rua “João Cheroso e João do Céu – Vendendo Cordel”: A Cultura aberta ao Público

Jéssica Alves

É permitido comer, beber e se manifestar durante o espetáculo. Dá para sair no meio da cena e até contracenar com os atores. O palco não possui paredes, apenas chão. A bilheteria se limita ao espaço do chapéu. A platéia é livre, que vão desde convidados até a meninos engraxates, passando por engravatados e maltrapilhos. Aparentemente pouco planejado, o teatro de rua é uma manifestação artística pouco conhecida pelos amapaenses.

São séculos e séculos de tradição nessa que é uma das mais antigas manifestações populares. Aliás, o próprio teatro originou-se na rua, segundo muitos estudiosos da cultura popular. O conceito de teatro de rua, como o conhecemos hoje, é marcado por uma intenção explícita de criar encenações para ser apresentadas no espaço público. Essa é sua principal característica.

“Acabamos encontrando vida eterna no teatro que se faz nas ruas ou em qualquer outro lugar onde a platéia seja formada pela diversidade humana, sem as divisões que a estratificação social quer ter”, explica o ator Josias Monteiro, que pensando nessa temática criou o espetáculo “João Cheroso e João do Céu – Vendendo Cordel”.

Nos dias 14 e 15 deste mês, o ator, juntamente com o colega de cena Elder de Paula, realizou apresentações da peça em frente à Casa do Artesão, totalmente aberta ao público. O espetáculo foi bem aceito pela vasta platéia que foi se formando aos poucos. Facilmente foi possível ver em cada olhar, cada risada e cada surpresa a expressão do público, que no momento final, aplaudiu com alegria ao trabalho da dupla.

Um misto de ensaio e apresentação, ou apresentação e ensaio. Não se sabe ao certo, mas a verdade é que para os atores, que também integram o elenco do “O Cordel do Amor Sem Fim”, o projeto, que foi idealizado há quatro meses, é um constante processo de desenvolvimento.

“Eu fiz o texto e escrevi ouvindo a história de um amigo meu, que era baseada em contadores de histórias. Com isso, surgiu a ideia de fundir a linguagem do cordel, que é um dos símbolos da cultura popular brasileira. Idealizei, criei a história e convidei o Elder, já com o texto e quando a gente o trouxe para a cena”, explicou Josias.

A peça foi aprovada no Festival Amazônia Encena na Rua, realizado em Porto Velho (RO). A dupla amapaense, que apresentou no dia 19 deste mês levou para diversas pessoas um trabalho criado e concretizado totalmente com recursos próprios. Eles criticam os gestores locais da cultura e afirmam que não receberam apoio para a divulgação do trabalho.

“Não fomos valorizados e a única reposta que tivemos depois da solicitação de apoio foi as seguintes palavras ‘Não é cultura do Amapá!’ – E nós somos o quê?. Todo o espetáculo foi formulado com nosso esforço”, disse Elder de Paula. Ele acrescenta que o Coletivo de Artistas Produtores e Técnicos em Teatro do Estado do Amapá (CAPTTA) apoiou o trabalho.

Pesquisa

Para a concretização de “João Cheroso e João do Céu – Vendendo Cordel”, os atores realizaram toda a produção do trabalho na própria rua, iniciando com ensaios e leituras de textos realizados em paradas de ônibus.

“O diferencial é que fizemos um processo de pesquisa. Construímos um trabalho de rua, totalmente na rua, desde as leituras até os ensaios É uma arte a parte, ensaiar na rua, pois se permite errar e o publico gosta de ver o processo do ator e foi essa a resposta que recebemos”, afirmou Josias.

Em outubro, eles irão participar do Encontro da rede brasileira de teatro de rua – RBTR que acontecerá em Teresópolis (RJ), onde vão levar na mala toda energia da arte amapaense que a cada dia nos encanta e nos ensina um novo fazer na rua.


Sem foto por problema de conexão


Próximo encontro: dias 5 e 6 (sexta e sábado) de agosto
Hora?: 19:00 horas
Onde?: Casa do artesão
Um abraço bem gostoso do Joca e do Elder.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

obervadores alternativos

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails